(I)lógica do coração
Paula Figueiredo
“É por ser mais poeta
Que gente que sou louco?
Ou é por ter completa
A noção de ser pouco?”
(Fernando Pessoa)
Eu gosto de poesia sem lógica. A linearidade me entedia e prende; e eu gosto de ser livre. Pelo menos aqui: onde posso, enquanto posso, enquanto vivo. Tudo é tão efêmero... Basta-me ser.
Quando penso em algo "sobre o que escrever" me morro (de tédio). Prefiro só deixar falar a alma. E ela fala alto e claro. Texto sem alma é texto morto: merece ir descansar em paz (e para sempre). Mas o texto vivo, ah!; este pode trazer de volta quem morreu (ou quase). Dispensáveis, as explicações. Não me justifico.
Não sei quais perguntas me perguntarias. Mesmo assim, digo: pergunta primeiramente a ti mesmo. De nada sei (eu só sei de mim). E das coisas que sei nem todas posso contar. (As perguntas que nos fazemos nos criam o futuro).
Perdoa-me se lhe pareço estranha, mas preciso respeitar o fluxo - para não perder o fio. Palavras chegam do além: além palavras - o silêncio; além mim - o Deus. (É que me recuso a deixar a mente mandar no coração).
"Valha-me noite que me cobre de sono.
O pensamento da morte não se acostuma comigo.
Estremecerei de susto até dormir.
E no entanto é tudo tão pequeno.
Para o desejo do meu coração o mar é uma gota".
(Adélia Prado)
A Paula Figueiredo é sem dúvida uma alegria para a nossa Literatura. Ela escreve, comenta, dá exemplos e insere citações. Por isso esta tão nobre escritora no Castelo. Quem quiser conhecer mais desta generosa pessoa é só entrar no blog Desmemoria Feminina.
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Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta
TEXTO CEDIDO E AUTORIZADO POR PAULA FIGUEIREDO
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