quarta-feira, 7 de março de 2012

Biblioteca: Ana Peixoto

Moro Aqui
(para Ademir Ramos)
Ana Peixoto

Estas árvores altas e frondosas
Dão sombra, flores e frutas saborosas.
À sombra ato a rede
Tomo um banho de água fresca
Provo a água, mato a sede
E deixo o tempo tomar a dianteira
Com galhos secos faço o fogo na churrasqueira
E enquanto vira carvão e brasa,
Na varanda da casa
Cato feijão de praia e arroz
Ponho para cozinhar os dois
Com jabá e manjericão
Faço um gostoso baião
Acompanhado de cheiro verde
Limão, murupi e pirão
Com jaraqui, DESTE TAMANHO, 
Assado na brasa
O pessoal de casa, diz: OBA! Aos gritos.
Bebo um gole de licor de jenipapo,
Saboreio um suco gelado de apuruí
Tá servido?
Para a sobremesa tem doces de cupuaçu, 
Jaca e bacuri
Mas se preferir comer caju, ingá e umari
É só pegar no galho,
Não dá trabalho.
Agora satisfeito, me deito.
Deito na rede para embalar
E ouvir o vento cantar no mato
Uma doce canção de ninar.
Estou em casa, no quintal.
Moro na Amazônia
E o mundo sonha
Ter um lugar igual.



E novamente uma Profissional da Literatura direto do Amazonas. Ana Peixoto enviou este belo poema e esperamos que ela esteja sempre por aqui assim como sua amiga que nos indicou, Franciná Lira.

Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta

TEXTO CEDIDO E AUTORIZADO POR ANA PEIXOTO

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