terça-feira, 24 de abril de 2012

Com o Cetro: Sue Nhamandu

Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.



Sue Nhamandu, Atriz, Compositora, Cantora, Acrobata, Fotógrafa, Filósofa

Você critica seus próprios trabalhos?
Acho muito importante ter um senso crítico geral, não só com relação à como eu executo meu trabalho, mas as condições que tenho para fazê-lo e também como aqueles com os quais trabalho executam suas funções. Desde competência, talento, dedicação até bons modos educação empatia respeito a sensibilidade que todo artista se coloca quando se despe para expor seu íntimo.
O que é o amor?
É uma coisa inefável visível e sensitiva em aromas e sinestesia que sinto pelo meu filho mais do que qualquer outra pessoa, mas que foi o que fez eu e o pai dele decidirmos fazê-lo existir é o que me faz escolher profissões instáveis pela recompensa inominável do prazer de executá-las é escovar os dentes com a torneira fechada porque a Terra é um organismo vivo e eu não estou sozinha nela. È não ser nem por isso um hippie feliz; porque vivemos num sistema de merda, fálido controlado pelos mesmos que criam a microfísica do poder onde tudo Legislação Política, economia, educação e saúde apenas corresponde aos interesses da classe dominante e o amor perdeu seus valores e virou:  o amor por um bom jogador de futebol que mesmo que tenha problemas genéticos como pressão alta e uma dentição ruim vai garantir uma pensão que me permita não precisar trabalhar e assim viver fora do sistema, existe o amor pra mim, o amor pro mundo.

As conquistas interferem na vida pessoal?
Sim sempre quando conquistamos algo material ou não ficamos mais felizes e somos melhores com as pessoas a nossa volta, falidos, fracassados, presos a empregos enfadonhos somos tão mal educados quanto qualquer outro de manhã no metrô. A menos que você acredite em Deus e seja bonzinho por uma recompensa pós vida, eu sou agnóstica sou boa na medida em que são bons comigo, sou humana passível de erro como qualquer outro.
Qual o maior momento da carreira?
É sempre o próximo que virá  e que ao acabar trará os aplausos, ou as críticas construtivas que sinal que de que aquilo que minha alma queria comunicar ela comunicou.

Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?
Eu sinto bem lá no fundo. Faço Jurema e medito sempre que posso, tomo argyreia e ayahuasca assim sinto cosmicamente que algo de bom está por vir e não deixo a oportunidade passar. Essas plantas de poder esporadicamente,  assim como a cannabis diariamente em doses homeopáticas me ajudam também a prever comportamentos suspeitos de pessoas maldosas e sabotadoras e me guiar sempre tranquilamente, mas às vezes não temos poder legislativo, executivo ou judiciário que nos ajude.

Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?
E trabalhei em empregos insalubres pra me formar, larguei a estabilidade de dar aulas no estado para viver de arte se alguém tem dúvida sobre se isso vale a pena só saberá provando eu não sou inspiradora sou comum.
O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?
Não meu filho é, depois minha relação com o pai dele, depois com meus amigos e familiares e depois meu trabalho, mas meu trabalho me faz alguém pro mundo, e sou ser humano, ou seja um ser social que precisa do reconhecimento alheio, como dizia Sartre ?o inferno são os outros ? porque dói as vezes esperar que o outro aprecie o que sua alma tem a mostrar, porque muitas vezes ele naõ aprecia e tem todo direito de.
O que você mais deseja atualmente?
Publicar meu livro de contos, entrar no mestrado  e Gravar meu disso e montar meu show com o dinheiro do meu trabalho com fotografia. Tenho composições que quero gravar algumas canções de grandes compositores (Jonhy Alf e Hermínio Belo de Carvalho, Junio Barreto, Violeta Parra) que quero comprar, músicos excelentes e um maestro muito talentoso que gostaria que trabalhassem comigo, sonho com um produtor muito bom de quem aprecio tudo que faz. Enfim quero fazer um trabalho muito sério, mas como não entendo a língua dos editais quero fazer isso com meu dinheiro. Tudo gravado ao vivo em estúdio sem edição uma coisa simples mas arrojada como muita improvisação dos músicos longos solos e longas introduções instrumentais onde a canção seja algo da música e não a música, penso num show com muito espaço para performance pra isso pretendo voltar a estudar tecido acrobático e laban, existem dois preparadores vocais que eu gostaria muito de trabalhar atualmente Tato Fischer e Felipe Abreu, mas no momento não posso me dedicar a esse trabalho porque estou levantando a verba para torna-lo possível. Desejo também que meu filme Life Arte, de Dida Andrade e Andradino Azevedo, tenha grande aceitação popular e que me abras novas portas para o cinema.

Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?
Não atrapalhando já seria de bom começo, sabotando falando mau pelas costas, inventando boatos, fazendo caveira; mas cai bem também Apoio cultural, parcerias  artísticas, ou só sendo apaixonados e me inspirando simplesmente por existirem, ou terem existidos.

Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?
Artaud, Maysa, Dênis Caetano, meu companheiro fotógrafo muito sensível, Elizeth Cardoso, Assis Valente, Antonio Maria, Cartola, Godard, Truffaut, Grand Otello, Alécio de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Almodovar, Bertolucci, Clarice Lispector, Bachelard, Foucault, Simone de Beauvoir, Lírio Ferreira, Jose Celso Martinez Correa e  Luiz seu irmão, Felipe Ionescu Botelho, Raul Seixas, Caio Fernando Abreu, Kassin, Otto, Chico Science, Wando, Cawbi Peixoto, Sergio Sampaio, Arnaldo Baptista, Tom Zé, A.S Neil da Summerhill School, Paulo Freire, Arnaldo Antunes, Mario Caldato Jr. Julio Megdalia, Sergio Sampaio, Maria Bethania, Vitor Araújo, Junio Barreto, Vivienne Westwood, Ronaldo gaúcho, Neymar, Lucas dos Prazes, Salvador Dalí, Anais Nin, Francesca Woodman, Vinicius Sarmento, Jorge Mautner, Os irmãos Villas Boas, Villa Lobos, tenho escutado muito Baden ultimamente, um cantor e um ator não é só o que ele canta ou atua é o do que ele se alimenta, ele canta e atua o que ele lê, ouve, estuda. Di Melo, o imorrível grande compositor e artista muito sensível que tive o prazer de conhecer ano passado. Tibério, poeta também muito sensível da geração pós-mangue-beat. O esportista, lutador, de alma pura e doce, Aranha.
Lenjob se diz um grande admirador desta artista tão completa. Doce, educada, pronta, ela nos atendeu com a maior simpatia e atenção do mundo. Esperamos mais dela no Castelo.

Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta

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